Toda mudança tem suas dificuldades. Mudar de país não seria diferente...
É uma montanha-russa de sentimentos.
É abrir mão de ser quem você sempre foi. Aqui fora você perde suas referências, de todos os sentidos da sua vida. Você deixa de ser o filho de fulano, o sobrinho de sicrano... Ninguém te conhece... Suas músicas de infância, adolescência foram diferentes.... Aquele ator favorito, você nunca viu...rsrs...
Morar fora não é reconhecer os seus limites, é esticá-los um pouquinho mais, dia após dia.
É descobrir que você sempre poderá ir muito além. É ralar para ser reconhecido onde você é apenas mais um e reconhecer que ser apenas mais um pode ser muito para quem chegou a ser ninguém.
Morar fora é dar luz a um novo "eu". É aceitar que você jamais será o mesmo e ter coragem para decidir que voltar já não faz parte dos seus planos.
Uma das partes mais difíceis é a saudade.
Ah, a saudade...! A saudade da família é a maior.
Dizem, e quando decidi vir embora, li muito sobre relatos de pessoas que já moravam fora e o que a maioria relata é que o primeiro ano é o mais difícil. De fato, constatei que sim.
É o ano das adaptações ou das tentativas falhadas. Muitos não conseguem e voltam... Os que ficam, continuam na luta.
Outro ponto cruel, é o deixar... Deixar sua vida, seu trabalho, casa, escola, faculdade, amigos, objetos pessoais, móveis, bugigangas e roupas...! Sim, as roupas!
Ai! Que pesadelo, tive que resumir a minha vida dentro de uma mala. E nessa resumida ficaram minhas roupas
No primeiro ano tem que comprar quase tudo. É tanta coisa!! Falta tudo! Ficou tudo pra trás meu amigo...
Nos viramos durante o primeiro ano morando em casa mobiliada. E fomos comprando, adquirindo e ganhando algumas coisitas ao longo desse período.
Achei até engraçado um dia senti muita vontade de comer bolo de cenoura. Aprendi a fazer bolo de cenoura sem ralador, sem liquidificador, sem batedeira....kkkk... Na base dos se vira!
O bom é que com persistência a vida anda e os objetos a gente vai adquirindo...
Mas o melhor são as experiências, as novas amizades, os aprendizados...
Temos que estar aberto à vivenciar uma outra cultura...
É aprender o que não se aprende com o simples turismo. Morar é muito diferente. Você passará a fazer parte daquela localidade, daquele ritmo de vida.
A melhor parte dessa experiência?
Aprendi a carregar comigo só o essencial. Só as boas lembranças, só os bons sentimentos.
Todo o resto ficou para trás, pra trás... Isso é libertador! Essa é a lei do desapego.
Vai morar fora? Desapegue-se!
Foto do dia da nossa partida: